Diversos segmentos estão sendo afetados pelo avanço do coronavírus, atualmente chamado de COVID-19, pelo mundo. A doença registrou seus primeiros casos na China, país responsável pela exportação de uma quantia considerável de produtos e componentes que suprem as demandas da maior parte das fábricas e industrias mundiais e que também atendem o setor agrícola, como aqui no Brasil.
Como forma de evitar que a doença se espalhe ainda mais, através do contágio entre as pessoas, o governo obrigou parte das fábricas, em algumas províncias todas elas, a pararem suas produções. Um dos impactos acontece na produção de fosfato. A China é um dos maiores fabricantes de fertilizantes de fósforo do mundo. Muitas empresas de pequeno e médio porte tiveram que diminuir ou interromper suas atividades, restringindo cerca de 30% da produção. Isso somado à escassez de mão-de-obra e dificuldades na logística resulta no aumento dos preços para o mercado doméstico e para os mercados compradores.
A produção de muitos macronutrientes e ingredientes ativos para insumos agrícolas está concentrada na China. Na expectativa de atenuar os impactos do coronavírus na economia, o governo chinês planeja cortar impostos e taxas de empresas de transporte e logística, nas instalações portuárias e para os produtores locais na compra de gás natural, por exemplo.
O mês de março é o mês no qual é mais aplicado o fertilizante fosfatado em diversas culturas. No mercado doméstico, a taxa de utilização desse fertilizante foi menor e causou um declínio de quase 40% na produção. O governo chinês emitiu um aviso de emergência para agilizar a circulação de produtos voltados para a agricultura e assim garantir a produção e o preparo do solo para as culturas de primavera. A situação tem melhorado nos últimos dias, com a diminuição de novos casos da doença no país, mas a estimativa é que o surto cause déficit de dois milhões de toneladas na produção de fosfato.
Para entender as consequências do COVID-19 na economia mundial é preciso levar em consideração que o processo é dinâmico e sem precedentes, o que dificulta estimativas mais certeiras. Não saber em que etapa da evolução o vírus se encontra é um agravante. É necessário analisar constantemente os dados divulgados.
A curto prazo, estima-se o aumento nos preços, mas ainda é cedo para entender os impactos a longo prazo, pois vários fatores precisam ser analisados. Por exemplo, os estoques de compostos fosfatados estão altos no Brasil. Também pode-se citar o preço baixo da soja. Quanto menor esse preço, menor será a demanda de fosfatados. Já as empresas produtoras de fosfato estão tendo resultados positivos. As ações da Mosaic, maior produtora do item, estão em alta.
Estoques de outros países também estão altos, como da índia e do Paquistão, os principais importadores dos fertilizantes chineses, impactando na exportação. Essa diminuição somada aos problemas de produção causados pelo coronavírus pode servir para forçar a indústria a desenvolver fertilizantes especiais que forneçam nutrição mais abrangente para as culturas, que melhorem a taxa de utilização do componente e que resolvam problemas do solo.