Veja como as estradas sustentáveis serão vitais no futuro brasileiro para alinhar proteção ambiental e crescimento econômico
Estamos prestes a testemunhar um rápido crescimento mundial no que diz respeito à infraestrutura rodoviária, com pelo menos 25 milhões de quilômetros de novas estradas construídas até 2050.
O problema é que cerca de nove décimos dessas estradas estão em países em desenvolvimento - em áreas que abrigam alguns dos refúgios mais insubstituíveis para a biodiversidade.
As rodovias impulsionam as economias, mas também podem prejudicar e destruir ecossistemas naturais que fornecem serviços vitais para a vida na Terra.
Então, como devemos gerenciar essa colisão de proteção ambiental e necessidades econômicas? A resposta pode estar nas estradas sustentáveis. Entenda!
O QUE SÃO ESTRADAS SUSTENTÁVEIS?
As estradas sustentáveis levam em consideração o desenvolvimento social e o crescimento econômico, enquanto se esforçam para melhorar o ambiente natural e reduzir o consumo de recursos naturais.
As características de sustentabilidade de um projeto de rodovia devem ser avaliadas e consideradas para implementação em todo o seu ciclo de vida, desde a concepção até a construção, operação e manutenção.
Elas dependem do entendimento de que as estradas são uma parte da infraestrutura de transporte e que o transporte é um aspecto do atendimento às necessidades humanas.
Algumas das prioridades das estradas sustentáveis incluem:
- Facilidade no acesso (não apenas na mobilidade);
- Foco na movimentação de pessoas e mercadorias (não apenas nos veículos);
- Fornecimento de opções de transporte, como rotas seguras e confortáveis para caminhada, bicicleta e trânsito.
ESTRADAS “RECICLÁVEIS”
Em busca de soluções capazes de alinhar meio ambiente e progresso econômico, surgiu no Brasil uma linha de pesquisa que começa a apresentar bons resultados.
Por meio do uso de materiais normalmente descartados na natureza, como pneus, sobras de material de construção e garrafas, pesquisadores estão vendo uma resposta para os desafios da infraestrutura rodoviária.
É a chance de dar um destino adequado para materiais que demorariam décadas (ou até séculos) para se decompor.
Trata-se do uso desses recursos na pavimentação de estradas. A comunidade de cientistas nacionais e internacionais estão em busca da criação de asfaltos mais resistentes, capazes de resistir ao desgaste natural gerado com o passar do tempo, investindo em misturas de diferentes materiais compostos como o betume.
Essa vertente vem ganhando força nos últimos anos e deve crescer ainda mais. Isso é um sinal de que esse tipo de solução é realmente uma necessidade urgente.
PNEUS VELHOS PODEM SER A CHAVE
Dentre os materiais pesquisados, os pneus velhos foram os que mais se destacaram.
De acordo com os pesquisadores, graças a sua alta durabilidade, o potencial do “asfalto de borracha” é bem alto. Isso sem contar que ao remover os pneus das ruas, ainda é possível reduzir o número de incêndios e até mesmo o número de criadouros de mosquitos e roedores.
No entanto, a ideia ainda precisa ser mais trabalhada: a alta viscosidade do material e a tendência a se separar em camadas de borracha e betume ainda são desafios que precisam ser superados.
Algumas das soluções possíveis incluem a adição de diferentes quantidades de alguns polímeros (elementos plásticos) — como cis-isopreno, transisopreno, polibutadieno ou poliisobutileno.
A boa notícia é que os polímeros são baratos, o que facilita ainda mais a incorporação da tecnologia por empresas especializadas. É uma questão de tempo até vermos novas opções de estradas sustentáveis surgirem pelo Brasil e pelo mundo.