Desenvolvimento da atividade no Brasil
Entre 1950 e 1960, prevalecia o trabalho braçal na agricultura brasileira. Menos de 2% das propriedades tinham maquinário agrícola. Conhecia-se pouco do solo e sua utilização e as pesquisas eram escassas, o que gerava um baixo rendimento por hectare e pouca produção.
Foram muitos os impactos ambientais, pois utilizava-se grandes áreas para as lavouras e pastagens e as práticas inadequadas geravam erosão e assoreamento.
O país estava se industrializando e crescendo, mas havia escassez de alimentos. O poder público passou a investir em pesquisa e a conceder crédito aos produtores, o que propiciou a modernização da agricultura no Brasil e o aumento significativo na produtividade.
A partir de 1990, fatores econômicos favoreceram ainda mais o crescimento da agricultura, tornando o setor um dos principais formadores do PIB brasileiro.
Desafios atuais
Há grande desigualdade de produtividade e renda no campo e boa parte dos pequenos produtores não têm acesso às tecnologias. Em 2006, menos de 0,5% das propriedades rurais respondia por metade da produção e a maioria delas atingia no máximo dois salários mínimos de renda bruta.
Por ter uma vasta extensão territorial e clima tropical, propício às pragas, o Brasil é um dos principais usuários de agroquímicos do mundo. O solo também está bastante degradado - cerca de metade das pastagens - o que impacta a qualidade, a preservação ambiental e até mesmo a produtividade.
Cerca de 80% do uso dos recursos hídricos no Brasil se concentra na atividade rural. A estimativa é que 40% dessa água não é reaproveitada por conta de falhas no processo de irrigação, o que causa desperdício. Há também poluição da água pelo uso de fertilizantes e pesticidas, impactando na biodiversidade e na saúde humana.
Visão do futuro
A expansão populacional e a maior longevidade e poder aquisitivo resultarão em aumento no consumo de água, energia e alimentos. O setor agrícola precisará intensificar sua produção para atender a demanda.
A população mundial deve atingir 8,5 bilhões de pessoas em 2030. Cerca de 90% dos países em desenvolvimento terá se urbanizado. Aproximadamente 60% da população mundial será de classe média, mudando o padrão de consumo para itens mais diversificados como carnes, frutas e vegetais.
O aumento da produtividade por hectare se faz necessário. O Brasil precisará conciliar essa necessidade com a proteção ambiental, prevista em lei, através do uso de áreas degradadas, abandonadas e subutilizadas.
As mudanças climáticas impactam na atividade agrícola. As previsões para o Brasil são a extinção de espécies, substituição de tipos de vegetação, diminuição de recursos hídricos e aumento de pragas e doenças como dengue e malária.
O poder de decisão do consumidor terá mais importância. A tendência é da escolha de produtos mais elaborados como especiarias regionais; produtos inovadores e que priorizem sabor e sentido; produtos que trazem benefícios à saúde, com composição mais natural e teores reduzidos de sal, açúcar e gordura; produtos de uso rápido e prático, que trazem economia de tempo e esforço, como os prontos, congelados e processados; produtos com qualidade atestada, com rótulos explicativos e de origem rastreável.
A relação entre consumidor e produtor está em mudança devido ao acesso facilitado às mídias sociais e plataformas digitais. Ficou mais fácil avaliar os produtos e influenciar os demais nas decisões de compra. A tendência é que o ativismo do consumidor cresça nas próximas décadas. Haverá forte apelo para que se tenha ética na forma como se dá a produção, valorizando todos os processos do ponto de vista da sustentabilidade.
A maioria dos produtores rurais se beneficiará da tecnologia, o que permitirá a inserção de métodos de produção mais promissores e uso de inteligência artificial, ajudando a gerir as áreas agrícolas, manejar os rebanhos, prever o clima, identificar doenças e antecipar cenários.
Os dados coletados nas fazendas poderão ser utilizados em pesquisas para otimizar ainda mais a atividade e problemas pontuais poderão ser rapidamente identificados e resolvidos, com orientação online.
A tecnologia permitirá o melhoramento genético das plantas, conferindo maior resistência e até mesmo o aumento da população de animais produtores de leite de maior qualidade nutricional.